Um mês já se passou das eleições que definiram os prefeitos que assumem o comando das prefeituras no primeiro dia do próximo ano. Com exceção dos reeleitos - e que são poucos -, como os eleitos estão se preparando para enfrentar o desafio de cumprir o que prometeram?
Pouco se tem falado sobre os trabalhos de transição e alguns ainda não se definiram sobre o que fazer e quando fazer.
É um mau sinal. Prefeito eleito que não dá o necessário valor ao trabalho de transição, pode se surpreender ao receber um Cavalo de Tróia inesperado e indesejado. A função da equipe de transição, que deve ser oficializada pelo eleito na semana seguinte à eleição, é de extrema importância para o sucesso do trabalho que precisa ser iniciado nos primeiros dias de governo. E os trabalhos de transição são previstos e garantidos por lei, dado à sua própria importância.
É a equipe de transição que vai trazer todas as informações sobre a realidade da Prefeitura, sua situação financeira, seus compromissos já assumidos, o custo da máquina administrativa, o saldo para investimentos e, o que é mais importante, as gorduras que precisam ser saturadas para que o novo governo possa ser arejado com as possibilidades de gestão mais eficaz.
Infelizmente, em alguns casos por inexperiência e outros por inocência mesmo, alguns prefeitos eleitos retardam os trabalhos da equipe de transição ou simplesmente não lhes dão importância. Outros, inebriados pelo sucesso das urnas, acabam fazendo ou aceitando um trabalho de transição apenas para inglês ver. Geralmente pagam caro por isso ao assumirem o cargo e se surpreenderem, a cada dia, com novas más notícias mostrando uma situação bem pior do que a esperada.
Quem se sujeita ao crivo das urnas com um Plano de Governo para melhorar o município, precisa trabalhar a partir do dia seguinte à eleição, independente de ter sido eleito de balaiada ou não. O tempo é curto. São menos de cem dias para conhecer a realidade da Prefeitura, definir o secretariado, prepará-lo para o governo e definir as ações que serão tomadas na primeira semana, bem como sobre as prioridades e sequência que será dada ao cumprimento do Plano de Governo.
É isso mesmo: o Plano de Governo deve ser a bíblia das ações do governo. Muitos secretários e assessores são nomeados sem conhecer as promessas de campanha e passam todo o governo sem sabê-las. Prefeito sério e que não deseja ficar na história como estelionatário, tem que botar na mão de cada auxiliar, antes mesmo da posse, uma cópia do Plano de Governo que ele distribuiu em campanha.
Chegar lá sem já ter definido o caminho a seguir e as medidas imediatas a serem tomadas é correr sério risco. Toda Prefeitura necessita de medidas saneadoras, cortando vícios e gastos excessivos, com atitudes quase sempre duras e impopulares. Se o prefeito eleito as tomar de imediato, consegue administrar as reações. Se deixar para a semana seguinte, dificilmente consegue efetivá-las. Facilmente será envolvido pela agenda oficial e circunstâncias administrativas, ficando a reboque também da burocracia e dos interesses daqueles que foram nomeados para assessorá-lo. E por falar neles, é sempre bom lembrar que existem assessores e açeçores. Os convidados precisam ser bem testados antes de nomeados, inclusive expostos publicamente. Melhor ter tempo para desfazer um convite mal pensado do que tolerar a pessoa errada no lugar errado. Perceber o erro da indicação só depois da nomeação pode custar caro demais.
Tenho acompanhado à distância a movimentação (ou falta dela) dos prefeitos eleitos em nossa região. Poucos vão entrar na Prefeitura no primeiro dia do ano com a equipe preparada e treinada para realizar o governo que prometeram. Outros tentarão se organizar após experimentarem a primeira sentada na poltrona de chefe do Executivo. Alguns até conseguem manter o controle sobre a situação, mas significativa parte deles só percebe que alguma coisa vai mal quando o primeiro ano se encaminha para o fim. Daí para o fracasso é um passo só.
Nenhum comentário:
Postar um comentário