sexta-feira, 23 de novembro de 2012


Esse cara sou eu

Sabe aquele cara que - mesmo sem nunca ter votado nele - morre de vergonha quando vê Lula e o PT apontando os dedos contra o Supremo Tribunal Federal, para jurar de pés juntos que o Mensalão jamais existiu e que tudo não passa de fantasia criada pelo pessoal da oposição com apoio da imprensa direitista?
Sabe aquele cara que se nega a acreditar que existe numa delegacia da região um “servidor” público escalado para trabalhar apenas três horas por dia emplacando veículos, mas que trata a maioria das pessoas com falta de educação, grosserias e total desrespeito, esquecendo-se de que todo cidadão é seu patrão?
Sabe aquele cara que se escandaliza ao ver veículo público com faixa de “uso exclusivo em serviço” estacionado no hipermercado para servidor fazer compras particulares ou veículo estacionar na padaria ao lado do jornal para detetive tomar café e lanchar, enquanto faltam ambulâncias para transportar doentes?
Sabe aquele cara que não entende como um ex-ministro da Justiça do Brasil aceita defender bandido em troca de milhões de reais, enquanto outros advogados montam um circo em pleno Tribunal do Júri para adiar julgamento de famoso ex-goleiro acusado de mandar matar a ex-amante e sumir com seu corpo?
Sabe aquele cara que reforça a sua fé mesmo sabendo que o papa escreve sua biografia com uma nova versão sobre Jesus, enquanto o mundo se infesta de pregadores mercenários que transformam a indústria da fé no mercado de maior rentabilidade e a intolerância nos encaminha para uma guerra religiosa de grandes proporções?
Sabe aquele cara que acha que a modernidade não pode mudar com tanta naturalidade os valores morais ao ponto de filho agredir pai e um simples e singelo pedido de benção ser transformado em chacota pelos filhotes de uma nova convivência social onde o respeito é palavra sem valor e em desuso?
Sabe aquele cara que defende ampla e irrestrita liberdade de expressão, mas reconhece que o mercado está contaminado por falsos jornalistas que por detrás da máscara que vestem se revelam como bandidos desavergonhamente vendidos para favorecer outros bandidos políticos com desinformação irresponsável?
Sabe aquele cara que se revolta em ver a população brasileira recebendo os piores atendimentos na área da saúde, amontoados nos corredores dos hospitais, maltratados nos postos de saúde e enganados pelos políticos na hora do voto, enquanto nosso rico Brasil empresta (ou doa) dinheiro a rodo para outros países também miseráveis ou com marketing mais eficiente?
Sabe aquele cara que tem urticária quando vê o prefeito de sua cidade parar a prefeitura para compensar seus erros e abusos durante três anos, sob a desculpa de ter que se ajustar (só agora) à Lei de Responsabilidade Fiscal, ao mesmo tempo em que dá entrevista afirmando que fez um ótimo governo e que melhorou muito a cidade?
Sabe aquele cara que não entende alguns casos de “genialidade” de alguns poucos servidores públicos ou ex, com explícita demonstração de melhoria de vida e riqueza recente, inclusive com mansão em fase final de construção em bairro nobre, enquanto a prefeitura está atolada em dívidas, nada de expressivo foi construído e o cidadão comum se viu privado da grande maioria dos serviços a que tem direito?
Sabe aquele cara que está de saco cheio de gente canalha, moleque, desonesta, corrupta e mau pagadora, dos quais quer distância e se nega até ao aperto de mão para não correr o risco de se misturar à escória dos enganadores de sorriso fácil que encobrem o que há de pior em matéria de podridão moral?
Pois é, meu caro leitor! Esse cara pode ser o Roberto Carlos, como bem pode ser também eu ou você.  

terça-feira, 20 de novembro de 2012


Primeiras dificuldades

No dia seguinte à eleição recebi um telefonema com palavras de agradecimento do prefeito eleito, Teófilo Torres. De lá pra cá não mais conversamos e nem nos encontramos, o que não me deixa como uma das pessoas mais bem informadas sobre a formação do seu secretariado.
As informações que me chegam, no entanto, apontam para as primeiras dificuldades do novo prefeito que vai comandar os destinos da cidade a partir do dia primeiro de janeiro. Dificuldades já esperadas, diga-se de passagem. É que bons profissionais não estão tão disponíveis assim no mercado e o salário de secretário ou assessor da Prefeitura de João Monlevade deixou de ser um chamarisco. Na realidade, duas, três ou quatro prefeituras da região pagam igual ou melhor do  que a daqui, com menos trabalho e desafios mais modestos.
Acrescente-se às dificuldades já listadas, a exposição pública que os cargos oferecem. Secretário ou assessor é agente público, tem como patrão toda a população do município, fica investido no cargo 24 horas por dia, não tem privacidade garantida, é tratado como político de carreira, fica com o Ministério Público em sua cola e corre o risco de responder na Justiça anos a fio por denúncias muitas vezes mais partidárias do que cidadãs.
Esses e outros obstáculos afastam muita gente da linha de frente de qualquer governo, do mesmo jeito que impede outro tanto de gente boa de entrar na política. No trabalho de formação do novo governo, nos chega a informação de que o único nome certo até agora é o da prefeita de Nova Era, Laura Araújo. Amiga da família Torres e já experimentada em dois mandatos como prefeita da vizinha cidade e com ótima avaliação daquela população, Laura é nome indispensável e já teria aceitado o convite. Luciana e Simone Carvalho, que não são irmãs, mas se igualam na experiência em serviço público, já avisaram não ter interesse em voltar para a Prefeitura. O vereador Guilherme Nasser resiste ao convite e insiste em disputar a presidência da Câmara, mas pode rever seu posicionamento se a disputa ao principal cargo do legislativo não tiver garantias. Os demais nomes (e são poucos) ainda transitam pelo campo da especulação, enquanto crescem as dificuldades para encontrar um nome capaz de cumprir o que foi prometido para a área da saúde.
O pior de tudo isso é a oportunidade abrir espaço para indicações equivocadas. O melhor é acender uma vela...

O resto é o resto

Articulista da revista Veja, J.R. Guzzo escreveu nesta semana que “nada mais natural que depois de uma eleição para prefeitos e vereadores, ...cada um diga o que bem entender sobre o verdadeiro significado do que aconteceu, com os costumeiros cálculos para estabelecer ‘quem ganhou e quem perdeu’; deveria ser uma tarefa bem simples concluir que ganhou quem teve mais votos e perdeu quem teve menos votos, mas esse debate é um velho hábito nacional, e não vai mudar.”
Este é apenas um trecho do ótimo texto de Guzzo e que vale a pena ser conferido na última página da revista.

Legitimidade

A única coisa que legitima uma eleição são os votos. Ou seja, seu resultado oficial. No mais, a legitimidade pode ser ou não questionada e até confirmada ou anulada pela Justiça Eleitoral. O resto é opinião e nada mais do que isso.
Dizer que a eleição de Doutor Damon é ilegítima porque suas contas da campanha anterior não foram aprovadas corresponderia a dizer que a eleição de Antônio Carlos foi ilegítima porque nem todos gostaram do resultado.
Não se pode confundir o “eu acho” com a realidade dos fatos. O primeiro é princípio da democracia; o segundo é a garantia da própria. 

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Quem se prepara para governar?

Um mês já se passou das eleições que definiram os prefeitos que assumem o comando das prefeituras no primeiro dia do próximo ano. Com exceção dos reeleitos - e que são poucos -, como os eleitos estão se preparando para enfrentar o desafio de cumprir o que prometeram?
Pouco se tem falado sobre os trabalhos de transição e alguns ainda não se definiram sobre o que fazer e quando fazer.
É um mau sinal. Prefeito eleito que não dá o necessário valor ao trabalho de transição, pode se surpreender ao receber um Cavalo de Tróia inesperado e indesejado. A função da equipe de transição, que deve ser oficializada pelo eleito na semana seguinte à eleição, é de extrema importância para o sucesso do trabalho que precisa ser iniciado nos primeiros dias de governo. E os trabalhos de transição são previstos e garantidos por lei, dado à sua própria importância.
É a equipe de transição que vai trazer todas as informações sobre a realidade da Prefeitura, sua situação financeira, seus compromissos já assumidos, o custo da máquina administrativa, o saldo para investimentos e, o que é mais importante, as gorduras que precisam ser saturadas para que o novo governo possa ser arejado com as possibilidades de gestão mais eficaz.
Infelizmente, em alguns casos por inexperiência e outros por inocência mesmo, alguns prefeitos eleitos retardam os trabalhos da equipe de transição ou simplesmente não lhes dão importância. Outros, inebriados pelo sucesso das urnas, acabam fazendo ou aceitando um trabalho de transição apenas para inglês ver. Geralmente pagam caro por isso ao assumirem o cargo e se surpreenderem, a cada dia, com novas más notícias mostrando uma situação bem pior do que a esperada.
Quem se sujeita ao crivo das urnas com um Plano de Governo para melhorar o município, precisa trabalhar a partir do dia seguinte à eleição, independente de ter sido eleito de balaiada ou não. O tempo é curto. São menos de cem dias para conhecer a realidade da Prefeitura, definir o secretariado, prepará-lo para o governo e definir as ações que serão tomadas na primeira semana, bem como sobre as prioridades e sequência que será dada ao cumprimento do Plano de Governo.
É isso mesmo: o Plano de Governo deve ser a bíblia das ações do governo. Muitos secretários e assessores são nomeados sem conhecer as promessas de campanha e passam todo o governo sem sabê-las. Prefeito sério e que não deseja ficar na história como estelionatário, tem que botar na mão de cada auxiliar, antes mesmo da posse, uma cópia do Plano de Governo que ele distribuiu em campanha.
Chegar lá sem já ter definido o caminho a seguir e as medidas imediatas a serem tomadas é correr sério risco. Toda Prefeitura necessita de medidas saneadoras, cortando vícios e gastos excessivos, com atitudes quase sempre duras e impopulares. Se o prefeito eleito as tomar de imediato, consegue administrar as reações. Se deixar para a semana seguinte, dificilmente consegue efetivá-las. Facilmente será envolvido pela agenda oficial e circunstâncias administrativas, ficando a reboque também da burocracia e dos interesses daqueles que foram nomeados para assessorá-lo. E por falar neles, é sempre bom lembrar que existem assessores e açeçores. Os convidados precisam ser bem testados antes de nomeados, inclusive expostos publicamente. Melhor ter tempo para desfazer um convite mal pensado do que tolerar a pessoa errada no lugar errado. Perceber o erro da indicação só depois da nomeação pode custar caro demais.
Tenho acompanhado à distância a movimentação (ou falta dela) dos prefeitos eleitos em nossa região. Poucos vão entrar na Prefeitura no primeiro dia do ano com a equipe preparada e treinada para realizar o governo que prometeram. Outros tentarão se organizar após experimentarem a primeira sentada na poltrona de chefe do Executivo. Alguns até conseguem manter o controle sobre a situação, mas significativa parte deles só percebe que alguma coisa vai mal quando o primeiro ano se encaminha para o fim. Daí para o fracasso é um passo só.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012



Parabéns, Doutor Damon!

O prefeito eleito de Itabira, Doutor Damon, concedeu entrevista coletiva á imprensa nesta semana e, entre outros assuntos, avisou que tem interesse na presidência da Amepi, a Associação dos Municípios da Microrregião do Médio Piracicaba, com sede em João Monlevade.
Não só ele, como também Itabira, precisam e devem estar de olho na presidência da Amepi, até porque quem paga a maior fatura pela manutenção daquela associação é a terra de Carlos Drummond de Andrade. E Monlevade hoje, não paga é nada.
E como a sede fica em João Monlevade, nada mais natural de que a presidência fique com Itabira. Acontece que no meio do caminho existe o senhor Fernando Rolla, prefeito de São Domingos do Prata e preferido do PSDB de Mauri Torres, que também quer a presidência.
É uma briga boa e oportunidade para os prefeitos experimentarem a capacidade política de cada um.
O importante, no entanto, é que Doutor Damon mandou seu recado. Parabéns pelo olhar sobre a Amepi, mas é sempre bom alertar que a Amig (Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais) tem um peso de maior valor para o berço da Vale.
Vamos lá, Doutor Damon!


O dia seguinte

O prefeito eleito de Itabira, Doutor Damon (PV), surpreendeu ao nomear como seu representante na Comissão de Transição do governo o ex-prefeito Dr. José Maurício Silva (PMDB), que até o mês de maio deste ano respondia pelo cargo de assessor especial do atual prefeito Dr. João Izael Querino Coelho (PR).
Doutor Damon foi eleito fazendo oposição ao grupão de Dr. João Izael que, de pouco riso, deve estar gargalhando à vontade. Ou dando “palmas de contentamento”, como diria o também ex-prefeito e doutor, Luiz Menezes (PFL).
Em política de tantos doutores, o leigo se esforça para entender que um dia vem sempre depois do outro.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012



Braços cruzados

Eu vi dois em Itabira e, pelo menos um, em Monlevade.
Quase não acreditei, mas estavam lá. No santinho, em cavaletes, em folhetos e banners.
Eram candidatos a vereador que se deixaram fotografar de braços cruzados para ilustrar o material onde pediam voto aos eleitores.
De braços cruzados e sorrindo: “Quero o seu voto para trabalhar por você.”
Trabalhar como se antes de eleito já estava de braços cruzados?
Passada a apuração fui lá verificar o resultado. Nenhum deles se elegeu.