Primeiras dificuldades
No dia seguinte à eleição recebi um telefonema com
palavras de agradecimento do prefeito eleito, Teófilo Torres. De lá pra cá não
mais conversamos e nem nos encontramos, o que não me deixa como uma das pessoas
mais bem informadas sobre a formação do seu secretariado.
As informações que me chegam, no entanto, apontam para as
primeiras dificuldades do novo prefeito que vai comandar os destinos da cidade
a partir do dia primeiro de janeiro. Dificuldades já esperadas, diga-se de
passagem. É que bons profissionais não estão tão disponíveis assim no mercado e
o salário de secretário ou assessor da Prefeitura de João Monlevade deixou de
ser um chamarisco. Na realidade, duas, três ou quatro prefeituras da região
pagam igual ou melhor do que a
daqui, com menos trabalho e desafios mais modestos.
Acrescente-se às dificuldades já listadas, a exposição
pública que os cargos oferecem. Secretário ou assessor é agente público, tem
como patrão toda a população do município, fica investido no cargo 24 horas por
dia, não tem privacidade garantida, é tratado como político de carreira, fica
com o Ministério Público em sua cola e corre o risco de responder na Justiça
anos a fio por denúncias muitas vezes mais partidárias do que cidadãs.
Esses e outros obstáculos afastam muita gente da linha de
frente de qualquer
governo, do mesmo jeito que impede outro tanto de gente
boa de entrar na política. No trabalho de formação do novo governo, nos chega a
informação de que o único nome certo até agora é o da prefeita de Nova Era,
Laura Araújo. Amiga da família Torres e já experimentada em dois mandatos como
prefeita da vizinha cidade e com ótima avaliação daquela população, Laura é
nome indispensável e já teria aceitado o convite. Luciana e Simone Carvalho,
que não são irmãs, mas se igualam na experiência em serviço público, já
avisaram não ter interesse em voltar para a Prefeitura. O vereador Guilherme
Nasser resiste ao convite e insiste em disputar a presidência da Câmara, mas
pode rever seu posicionamento se a disputa ao principal cargo do legislativo
não tiver garantias. Os demais nomes (e são poucos) ainda transitam pelo campo
da especulação, enquanto crescem as dificuldades para encontrar um nome capaz
de cumprir o que foi prometido para a área da saúde.
O pior de tudo isso é a oportunidade abrir espaço para
indicações equivocadas. O melhor é acender uma vela...
O
resto é o resto
Articulista da revista Veja, J.R.
Guzzo escreveu nesta semana que “nada mais natural que depois de uma eleição
para prefeitos e vereadores, ...cada um diga o que bem entender sobre o
verdadeiro significado do que aconteceu, com os costumeiros cálculos para
estabelecer ‘quem ganhou e quem perdeu’; deveria ser uma tarefa bem simples
concluir que ganhou quem teve mais votos e perdeu quem teve menos votos, mas
esse debate é um velho hábito nacional, e não vai mudar.”
Este é apenas um trecho do ótimo
texto de Guzzo e que vale a pena ser conferido na última página da revista.
Legitimidade
A única coisa que legitima uma
eleição são os votos. Ou seja, seu resultado oficial. No mais, a legitimidade
pode ser ou não questionada e até confirmada ou anulada pela Justiça Eleitoral.
O resto é opinião e nada mais do que isso.
Dizer que a eleição de Doutor
Damon é ilegítima porque suas contas da campanha anterior não foram aprovadas
corresponderia a dizer que a eleição de Antônio Carlos foi ilegítima porque nem
todos gostaram do resultado.
Não se pode confundir o “eu acho”
com a realidade dos fatos. O primeiro é princípio da democracia; o segundo é a
garantia da própria.
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