Não faço oposição a Carlos Moreira
Devagar
que o andor é de barro, último texto que escrevi por aqui acerca das relações
políticas teófilo-moreiristas, gerou comentários e reações bem acima da média
habitual.
Antes
que os menos avisados se assanhem, no entanto, já vou avisando que não sou e
nem tenho interesse em ser opositor ao político Carlos Moreira. Longe de mim
tal encomenda, até mesmo porque ela passaria longe da realidade dos fatos que
conheço e das avaliações que faço. Reagindo ao meu texto sei de várias pessoas
que foram bater no ombro do político para tentar desclassificar o que escrevi.
É o puxa-saquismo de sempre a serviço, apenas, de interesses pessoais. Nunca
tive relação fácil com Moreira, pelo simples fato dele não gostar de críticas e
eu não ter vocação para puxa-saco. No entanto, nunca lhe fiz cena, nunca fiz de
conta.
Muito
se cantou em prosa e verso nas últimas eleições que o ex-prefeito é um político
ficha suja. Um ou outro jovem mais empolgado e menos cauteloso até o chamou de
corrupto, na ânsia de tentar convencer que seu candidato (a) era melhor que o
dele. Excessos de campanha.
No
que ficou convencionado como ficha suja, ou seja, aquele que foi condenado em
colegiado por crime na administração pública, não há como tirar-lhe o título.
Mas sabemos todos que existem os fichas-sujas corruptos e os fichas-sujas que
pecaram com práticas ilegais resultado da falta de capacidade de gestão.
Pelo
que conheço do Carlos e de seus dois mandatos como prefeito de João Monlevade,
eu o descarto do primeiro grupo. Não há evidências claras de roubo ou qualquer
ato de corrupção, mesmo diante da indisponibilidade de seus bens pela Justiça,
referente ao processo licitatório da coleta de lixo. Moreira é sim ficha-suja,
mas por incapacidade administrativa, mau assessoramento e excesso de teimosia
que o levaram a erros graves e práticas ilegais. E pelos quais está pagando
caro e vai ter que pagar mais ainda, inclusive com a possibilidade quase
inquestionável de ficar fora das disputas eleitorais nos próximos quatro, seis
ou até oito anos.
Carlos
Moreira foi um bom prefeito dentro da média que se verificou no quase meio
século de cidade emancipada. Na realidade, superou a expectativa até mesmo
daquelas pessoas mais próximas que o conheciam bem no período pré-prefeito,
como eu, e saiu-se bem graças ao populismo sempre praticado e uma dedicação
estremada ao trabalho. E a
ruindade de Prandini lhe deu ainda mais mérito.
Não
foi, no entanto, um gestor diferenciado. Se Prandini teve o demérito de fazer a
cidade andar pra trás, Moreira, pelo menos, a manteve estagnada nas questões de
modernidade administrativa e desenvolvimento econômico. Nem por isso, deixa de
ter seus méritos como a vinda dos cursos superiores de universidades públicas,
fazendo contraponto ao fracasso do Hospital Santa Madalena.
Resta
reconhecer que Carlos Moreira merece sua foto pendurada no hall dos
ex-prefeitos, mas seu tempo passou, como também começa a passar o meu como
comandante de um veículo de comunicação. Seus impedimentos legais como eleitor
o deixam fora da disputa por um tempo ainda incerto e a possibilidade de volta
ao cargo fica cada vez mais distante e improvável, o que ele confessa nem mesmo
querer.
Dificuldades
eleitorais à parte, o que nos sobra de prático neste final de 2012 é a eleição
do jovem Teófilo Torres para comandar o município de João Monlevade nos
próximos quatro anos. É ele quem foi eleito e é dele que o eleitor espera
soluções que resolvam tantos problemas no município.
Importante
lembrar, agora, que poder não se divide. Não tem como fazer um governo
teófilo-moreirista, mesmo porque os dois são muito diferentes. Carlos Moreira
teve um papel importante na eleição de Teófilo Torres e foi um de seus
principais cabos eleitorais. Para o bem de ambos e de todos, porém, seu papel
se encerra aí e qualquer tentativa de permanecer no centro do poder vai
terminar mal. Pacto umbilical já tivemos um bem recente e deu no que deu.
Que
Moreira se recolha à sua posição de ex-prefeito e de lá só saia quando for
solicitado pelo atual, o que se espera não seja em demasia. É esse o papel que lhe cabe na história, em
respeito à função que já desempenhou e coerente com a postura do eleitor que
deu a Teófilo a maior votação em todas as eleições municipais até então aqui
realizadas.
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