sexta-feira, 26 de outubro de 2012


Não faço oposição a Carlos Moreira
 
Devagar que o andor é de barro, último texto que escrevi por aqui acerca das relações políticas teófilo-moreiristas, gerou comentários e reações bem acima da média habitual.
Antes que os menos avisados se assanhem, no entanto, já vou avisando que não sou e nem tenho interesse em ser opositor ao político Carlos Moreira. Longe de mim tal encomenda, até mesmo porque ela passaria longe da realidade dos fatos que conheço e das avaliações que faço. Reagindo ao meu texto sei de várias pessoas que foram bater no ombro do político para tentar desclassificar o que escrevi. É o puxa-saquismo de sempre a serviço, apenas, de interesses pessoais. Nunca tive relação fácil com Moreira, pelo simples fato dele não gostar de críticas e eu não ter vocação para puxa-saco. No entanto, nunca lhe fiz cena, nunca fiz de conta.
Muito se cantou em prosa e verso nas últimas eleições que o ex-prefeito é um político ficha suja. Um ou outro jovem mais empolgado e menos cauteloso até o chamou de corrupto, na ânsia de tentar convencer que seu candidato (a) era melhor que o dele. Excessos de campanha.
No que ficou convencionado como ficha suja, ou seja, aquele que foi condenado em colegiado por crime na administração pública, não há como tirar-lhe o título. Mas sabemos todos que existem os fichas-sujas corruptos e os fichas-sujas que pecaram com práticas ilegais resultado da falta de capacidade de gestão.
Pelo que conheço do Carlos e de seus dois mandatos como prefeito de João Monlevade, eu o descarto do primeiro grupo. Não há evidências claras de roubo ou qualquer ato de corrupção, mesmo diante da indisponibilidade de seus bens pela Justiça, referente ao processo licitatório da coleta de lixo. Moreira é sim ficha-suja, mas por incapacidade administrativa, mau assessoramento e excesso de teimosia que o levaram a erros graves e práticas ilegais. E pelos quais está pagando caro e vai ter que pagar mais ainda, inclusive com a possibilidade quase inquestionável de ficar fora das disputas eleitorais nos próximos quatro, seis ou até oito anos.
Carlos Moreira foi um bom prefeito dentro da média que se verificou no quase meio século de cidade emancipada. Na realidade, superou a expectativa até mesmo daquelas pessoas mais próximas que o conheciam bem no período pré-prefeito, como eu, e saiu-se bem graças ao populismo sempre praticado e uma dedicação estremada ao trabalho. E a ruindade de Prandini lhe deu ainda mais mérito.
Não foi, no entanto, um gestor diferenciado. Se Prandini teve o demérito de fazer a cidade andar pra trás, Moreira, pelo menos, a manteve estagnada nas questões de modernidade administrativa e desenvolvimento econômico. Nem por isso, deixa de ter seus méritos como a vinda dos cursos superiores de universidades públicas, fazendo contraponto ao fracasso do Hospital Santa Madalena.
Resta reconhecer que Carlos Moreira merece sua foto pendurada no hall dos ex-prefeitos, mas seu tempo passou, como também começa a passar o meu como comandante de um veículo de comunicação. Seus impedimentos legais como eleitor o deixam fora da disputa por um tempo ainda incerto e a possibilidade de volta ao cargo fica cada vez mais distante e improvável, o que ele confessa nem mesmo querer.
Dificuldades eleitorais à parte, o que nos sobra de prático neste final de 2012 é a eleição do jovem Teófilo Torres para comandar o município de João Monlevade nos próximos quatro anos. É ele quem foi eleito e é dele que o eleitor espera soluções que resolvam tantos problemas no município.
Importante lembrar, agora, que poder não se divide. Não tem como fazer um governo teófilo-moreirista, mesmo porque os dois são muito diferentes. Carlos Moreira teve um papel importante na eleição de Teófilo Torres e foi um de seus principais cabos eleitorais. Para o bem de ambos e de todos, porém, seu papel se encerra aí e qualquer tentativa de permanecer no centro do poder vai terminar mal. Pacto umbilical já tivemos um bem recente e deu no que deu.
Que Moreira se recolha à sua posição de ex-prefeito e de lá só saia quando for solicitado pelo atual, o que se espera não seja em demasia.  É esse o papel que lhe cabe na história, em respeito à função que já desempenhou e coerente com a postura do eleitor que deu a Teófilo a maior votação em todas as eleições municipais até então aqui realizadas.

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