sexta-feira, 19 de outubro de 2012



Devagar que o andor é de barro

Na terça-feira, 16 de outubro, dez dias após as eleições e há setenta e cinco dias da posse do prefeito eleito Teófilo Torres, ouvi o comunicador e ex-prefeito Carlos Moreira fazendo uma pesquisa na Rádio Cultura. Qual prioridade o prefeito deve tocar a partir do dia primeiro de janeiro: acabar com a falta de água, limpar a cidade ou melhorar o serviço de saúde?
Não acreditei no que estava ouvindo. Se a pesquisa foi iniciativa particular do comunicador, não passou de uma brincadeira de mau gosto, pois a situação é grave e o que o novo prefeito vai precisar é de tempo para arrumar a casa. A quem serve criar uma expectativa na população e que não pode ser cumprida a partir do primeiro dia do ano?
Se o comunicador fez a pesquisa em comum acordo com o prefeito eleito, aí a coisa já começa pior do que se podia imaginar e nunca saberemos de quem vai ser a cara do governo.
O certo é que a pesquisa, partindo de um aliado, foi prematura e inoportuna, induzindo um compromisso que não foi outorgado a quem a fez. Ao contrário de Teófilo, Carlos Moreira é quem precisa perceber que o governo não pode e nem deve ter a sua cara. E quando mais longe ele ficar do centro do poder, maiores serão as chances do novo prefeito recuperar o tempo perdido pela cidade. Muito perto, as relações serão contaminadas por conflitos inevitáveis e o final dessa aliança política pode surgir já nos primeiros capítulos e terminar em situação não muito agradável.
Este é o primeiro grande desafio do grupo que avançou com uma balaiada de votos nas eleições e que levou o povo a depositar seu voto de confiança em quem tem capacidade política para resolver os tantos problemas. Quanto às obras, nesta altura do campeonato a prioridade ou não é decisão do prefeito eleito. Buscar opinião de ouvintes de rádio neste momento é se negar a descer do palanque e antecipar dificuldades para quem ainda nem conseguiu estabelecer sua comissão de transição. Além disso, apesar de nem diplomado ter sido, pelo que se sabe o nome do prefeito eleito é Teófilo Torres.

AGONIA

Um cidadão comum me parou anteontem no centro da cidade e repetiu uma pergunta que já me fizeram dezenas de vezes nos últimos dias: por que o atual prefeito acabou com Monlevade?
E aí sempre vem o mesmo repertório: a cidade está suja, não tem água, os postos médicos funcionam mal, todas as obras estão paradas, as que foram concluídas não funcionam, dívidas e demissões e, agora, até os sinais de trânsito foram desligados.
A resposta que tenho repetido: essa agonia só pode estar no fim.

IRMÃO

Sempre admirei a disposição dos irmãos médicos Rogério Bicalho e Luiz Alpino, defendendo publicamente os irmãos políticos Gentil e Gustavo Prandini. Família é família e irmão é pra isso mesmo.
Nesta semana, porém, me surpreendi com o segundo culpando a mídia pelo inferno astral do desastrado governo do irmão político. Se ele me inclui nesta mídia, o respeito que tenho pelo Alpino me faz informa-lo que tentei muito ajudar seu irmão e só reagi às ações tresloucadas dele, sem jamais induzi-lo a tantos erros.
Durante os três anos de perseguição dele contra mim e nossos funcionários, causou-nos prejuízo de mais de R$1 milhão, que era o resultado de 30 anos de trabalho. Mas como pimenta só arde nos olhos dos outros...

RESPEITO

O choro é livre e faz parte da democracia. Concordar ou não com o resultado de qualquer eleição é direito de todo cidadão. Querer ganhar no tapetão com mentiras e induzir cidadãos numa revolta de araque é irresponsabilidade ou insanidade que mais nos aproxima do circo do que do cinema.
O que assusta é a disposição de gente aparentemente normal em mentir sem nenhum pudor para tentar sustentar seus lamentos por uma derrota. Aí, não vale a pena nem contrapor. Resta lamentar até onde o rancor e a mágoa transformam o ser humano.
Antônio Carlos foi eleito prefeito de São Gonçalo com uma campanha limpa e um comportamento digno tanto por parte dele, como de seu vice Eduardo e do prefeito Nozinho. Não existe nada que coloque em dúvida a legitimidade da eleição. Antônio vai ser diplomado e empossado normalmente porque fez tudo dentro da legalidade. Desafio a quem quer que seja provar o contrário, com responsabilidade, sem mentiras e blá-blá-blá.
Tive a honra e o prazer de testemunhar todas as ações da campanha e me orgulho muito de ter participado dessa que foi uma das mais bonitas dos últimos anos.
É muito bom estar do lado do bem. É pra frente que se anda.

LERIS BRAGA

A vitória mais surpreendente, arrebatadora e admirável nas eleições do Médio Piracicaba neste ano de 2012 foi a do prefeito de Santa Bárbara, Leris Braga.
Tive a honra de cuidar do marketing de sua campanha com a ajuda do Douglas e do Diego da ShineOn, além da grande colaboração da Thaís Dias.
Mas o mérito, claro, é do próprio Leris e seu vice Alcemir. Trabalharam muito, transformaram-se em leões para enfrentar dois adversários poderosos e prevaleceu a capacidade política da dupla.
Bela surpresa e uma oportunidade que me caiu como prêmio por vários motivos. Ainda estou comemorando.

NOVO HOSPITAL

Salvo engano de data, foi na reunião de lançamento da candidatura de Carlos Moreira à reeleição ao cargo de prefeito de João Monlevade, realizada em julho de 2004, no antigo depósito da Skol, que ouvi pela primeira vez ele falar sobre o projeto de transformar o antigo Terminal Rodoviário em hospital municipal.
Naquela reunião já me coloquei contra a ideia e deixei isso claro a ele e a Mauri Torres. De lá pra cá, escrevi aqui nesse espaço várias vezes para criticar a proposta e a teimosia que não permitia Moreira tirar aquilo da cabeça.
Mais de oito anos depois aí está um dos maiores exemplos de desperdício de dinheiro público da história administrativa de João Monlevade e com cumplicidade do Governo do Estado, que liberou muito dinheiro, mas nem ele dá alvará de funcionamento daquela soja.
Nas poucas vezes na campanha deste ano em que tentaram colocar em pauta o famigerado “Hospital Santa Madalena”, fui radicalmente contra.
Quem ainda é a favor precisa entrar no PA para mudar de ideia. Aquilo serve, no máximo, para estacionamento. Insistir em falar em hospital ali ou manter lá o PA é passar atestado, com firma reconhecida, de total irresponsabilidade.
Que o novo prefeito não caia nesse delírio populista.

Um comentário:

  1. Concordo plenamente. Aquela "obra" serviu apenas para desvios de verbas do Governo de Minas.
    Qualquer analfabeto sabe que alí nunca será um hospital.
    Insistir seria uma grande burrice.

    ResponderExcluir